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Laudo afasta grupos teatrais do Hospital São Pedro

Coronel (d) lembrou que convênio para uso do São Pedro nunca foi formalizado Foto: Eduarda Amorim
Coronel (d) lembrou que convênio para uso do São Pedro nunca foi formalizado Foto: Eduarda Amorim

Após mais uma reunião com os grupos de teatros que ensaiam no Hospital Psiquiátrico São Pedro (HPSP), persiste o impasse para continuidade da ocupação pelos artistas, uma vez que os pavilhões históricos entrarão em reforma nas próximas semanas. O tema foi debatido na Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude (Cece) na tarde desta terça-feira (23/3), e contou também com a presença do diretor-geral do hospital, Luiz Carlos Coronel. Ele afirmou que um laudo a respeito da área relata que não há condições de habitalidade, e que proíbe a circulação naquela parte do São Pedro. “O laudo interdita qualquer atividade humana porque a risco de vida”, informa.

Coronel também ponderou que os grupos foram para o HPSP informalmente, e que existia uma minuta de convênio. “O convênio nunca foi publicado, o que não o torna legal”, analisa. O diretor-geral destacou que lutou para que o São Pedro continuasse público e que a área não fosse privatizada, além de defender que além da prestação do serviço de saúde continuasse no local projetos em educação e cultura, como ocorre atualmente. “Que após a reforma se faça um projeto de lei para dar continuidade ao atendimento médico, à cultura e à saúde, mas tenho que agir dentro da legalidade”, referindo-se novamente ao laudo que impõe a interdição dos pavilhões. “Defendo um espaço digno para os grupos teatrais”, ressaltou.

O representante dos grupos, Amilton Leite, reafirmou o que foi dito na reunião anterior, em 23 de fevereiro, e destacou que os artistas pretendem dialogar com as pastas pertinentes ao assunto, como as secretarias da Cultura, Saúde e Obras. “O que nos trouxe até aqui é este trabalho desenvolvido no São Pedro há dez anos. Temos certeza que a inter-relação entre as pastas é importante”, argumenta. Leite ainda pondera que se acontecer a expulsão dos grupos os artistas “terão que procurar o Ministério Público e tomar outras providências”.

Ausência

A reunião foi conduzida pela vereadora Sofia Cavedon (PT), que lamentou a ausência das secretarias estaduais da Cultura e de Obras. Já a vereadora Fernanda Melchionna (PSOL) relatou o histórico do problema e indicou prédios que sugeriu como novos espaços dentro do próprio HPSP, quando da visita da comissão ao local. Disse que a reforma, por se tratar de prédios tombados deverá ser demorada. Segundo Fernanda, os grupos têm financiamentos e estão dispostos a ajudar em reformas que não sejam estruturais, desde que seja assegurado o direito de ocupar o espaço. Luiz Carlos Coronel descartou, momentaneamente, esta possibilidade pelas condições já referidas dos prédios.

Para o vereador Haroldo de Souza (PMDB), enquanto existir o laudo que ameace a segurança dos artistas, não há como pensar diferente do que foi ponderado por Coronel. “Vamos contestar o laudo, mas entender a posição do diretor-geral. Vamos descobrir um local que possa proporcionar condições”, acredita. Os vereadores entendem que uma solução para os grupos só será viável com uma reunião entre os secretários de Cultura, o de Saúde e o de Obras, o que será negociado para o início do mês de abril, já com novos titulares das pastas.

Também participaram da reunião na Cece a representante do Ministério da Cultura, Rosane Dalsasso e o presidente do Conselho Municipal de Cultura, Paulo Roberto Guimarães.

Leonardo Oliveira (reg. prof. 12552)

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